Para chegar nessa resolução, vou elaborar um pouco de história para contexto. O percurso de Dr. Freud, médico psiquiatra no fim do século XIX, início do século XX, é marcado pela transição do médico para a hoje conhecida Psicanálise. Houveram muitos fatos relevantes e importantes para a formação dessa abordagem, dos quais quero citar aqui:
Ufa, quanta coisa! E da missa não foi nem a metade!
Antes de seguirmos falando de psicanálise, quero pontuar uma definição do que não é psicanálise: não é aconselhamento, orientação, sugestão, motivação, cura.
Psicanálise é um percurso cuja associação livre do analisando ganha solo seguro para se apresentar, sem julgamentos, com acolhimento e amor. Tendo isso posto, outro conceito interesante que acompanha esse processo é o do Determinismo Psíquico, que diz que não existe acaso e, portanto, tudo deve ser considerado como parte daquele enredo dentro do setting analítico (que é como chamamos o espaço/momento da sessão de análise, sabe?). Nele estará contido o que é dito, o engano (já ouviu falar de ato falho?), o que não é dito, sonhos e ao psicanalista cabe, com base no campo teórico, promover mediante uma escuta o suporte à investigação dos sintomas.
Através de sintomas, o material contido no inconsciente por vezes ganha voz. A psicanálise não trabalha o sintoma em vias de fazer com que ele desapareça, mas sim, a fim de explorar o conteúdo recalcado a que aquele sintoma se refere.
Pensando sobre isso, um sujeito que manifesta um sintoma está, inconscientemente, também demonstrando que algum mecanismo de defesa está na sua fachada, impedindo que seu inconsciente tome forma e venha à tona.
Mecanismos de defesa agem em conjunto e se expressarão no discurso durante a análise. Por exemplo, um sujeito que se expressa pode evitar somatizar (transformar em sintoma físico) por não precisar calar, guardar, reprimir.
Existem diversos mecanismos, mas não me aprofundarei muito a respeito disso nesse momento, ok?
Ah, essa é polêmica, hein!? Quem nunca se perguntou o porquê desse direcionamento sempre a esse tópico? Para explicar um pouco o contexto geral, a sexualidade para Freud faz referência ao que é prazeroso ao indivíduo no seu desenvolvimento e suas zonas erógenas relativas a cada fase: a fase oral, que remete à mãe, ao primeiro instinto de alimentar-se, à dependência e ao preencher de vazios; a fase anal, que remete ao controle (reter/expulsar), a relação com à autoestima e à carência; e a fase fálica, que remete ao falo que preenche o outro, sintetizando o medo de perdê-lo (menino) ou entendimento de tê-lo perdido (menina), sendo esta a fase de onde se origina o famoso Complexo de Édipo e o desenvolvimento de personalidade.
Com estas 3 concepções, a origem do Complexo de Édipo, a tríade inconsciente criança-pai-mãe na fase fálica, a castração, os desdobramentos e traumas gerados nestas fases, direcionarão o sujeito à fase de latência e, posteriormente à genital, que constituem as relações que o indivíduo tem com o meio e demais pessoas.
Por conta desses pontos (e muitos outros) é que olhar para a sexualidade não como relação sexual, mas como concepção do que nos da prazer na vida – e desprazeres também, viu? – nos ajuda a entender sintomas que possam estar aparecendo, sejam eles físicos, emocionais, comportamentais.
Uma vez em análise, jamais voltamos a ser o que éramos antes. Psicanálise é um enfrentamento que não é simples, nem fácil de sustentar.
A análise é olhar para o que está doendo, entender, elaborar e acolher. Enquanto psicanalistas, não temos esse suposto saber de tudo, ou de uma fórmula mágica para uma cura, e nem mesmo o poder de dar respostas solucionadoras, mas sim de acolher cada analisando que adentra uma sessão para que fale, se escute e se perceba, se entenda e acolha suas próprias vivências como parte do que o constitui como sujeito. Psicanálise é curar-se por um ato de amor incondicional: o amor por si.
ATENÇÃO: Este site não oferece tratamento ou aconselhamento imediato para pessoas em crise suicida. Em caso de crise, ligue para 188 (CVV) ou acesse o site www.cvv.org.br. Em caso de emergência, procure atendimento em um hospital mais próximo.
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